A segunda das quatro regras do livro Trabalho Focado tem como ideia a arte de aceitar o ócio. Mas o ócio aqui não é o simplesmente não fazer nada, ou ficar rolando algum aplicativo como o Twitter ou o Instagram. Em paralelo ao que Domenico de Masi explica em seu livro O ócio criativo, o objetivo é aplicar os conceitos do trabalho focado para que seu tempo livre também tenha qualidade.

A pedagogia do ócio também tem sua ética, sua estética, sua dinâmica e suas técnicas. E tudo isso deve ser ensinado. O ócio requer uma escolha atenta dos lugares justos: para se repousar, para se distrair e para se divertir. Portanto é preciso ensinar aos jovens não só como se virar nos meandros do trabalho, mas também pelos meandros dos vários possíveis lazeres. Significa educar para a solidão e para a companhia, para a solidariedade e para o voluntariado. Significa ensinar como se evita a alienação que pode ser provocada pelo tempo vago, tão perigosa quanto a alienação derivada do trabalho.

O ócio criativo, de Domenico de Masi

Newport utiliza conceitos da atenção plena, também conhecida como mindfulness, para explicar que quanto menos tempo de ócio você se permite ter, mais difícil pode se tornar a entrada num modo totalmente focado. Aceitar o ócio precisa ser mais importante do que o preenchimento dos espaços com coisas aparentemente recompensadoras. Em vez de não fazermos nada enquanto aguardamos na fila do banco, as redes sociais acabam preenchendo esse vazio incômodo.

Esta regra é dividia em quatro pequenas diretrizes:

Em vez de fazer pausas entre distrações, faça pausas entre períodos de foco

Newport menciona justamente um detox digital, referenciado no livro como um sabático da internet. A ideia é separar tempo regularmente para momentos sem conectividade. Esse tempo pode ser de algumas horas por semana como também englobar um dia inteiro.

A diretriz me lembrou a experiência de Paul Miller, um jornalista de tecnologia que se manteve desconectado por um ano. Como tal experimento é mais difícil, Cal propõe uma alternativa: em vez de fazer pausas entre distrações, agende tempo para essas atividades superficiais. 

O autor afirma que o problema não são as ferramentas nem a internet, mas a constante alternância entre distração e tarefas focadas. Uma vez que nos acostumamos com esse comportamento, nosso cérebro geralmente escolhe o primeiro ao menor sinal de tédio ou dificuldade.

A justificativa é que estar sempre conectado significa que você está desfazendo todo o aprendizado do trabalho focado em sua vida profissional. Agendar o tempo que você ficará na internet e usar aplicativos como o Freedom são sugestões.

Faça como Teddy Roosevelt

O ainda estudante Theodore Roosevelt programava seu dia para ter oito horas e descontava desse total o tempo gasto como aulas, exercícios e seu almoço. O tempo que lhe sobrava era totalmente voltado para o estudo. E para tirar o máximo desse tempo reduzido, Roosevelt precisava estudar com muita intensidade.

Newport recomenda que você comece a fazer experimentos de altíssima concentração com restrição de horários. Identifique uma tarefa importante, avalie quanto tempo você demoraria para completá-la e então se dê um prazo mais curto. Se você acha que uma tarefa demora duas horas pra ser feita, agende uma hora, resistindo a qualquer distração.

Uma forma de praticar é tentar publicar um texto em dez minutos.

Memorize as cartas de um baralho

Nesta seção final, Newport explica os passos necessários para memorizar um baralho completo usando como base os trabalhos de Daniel Kilov e Ron White. O motivo para esse exercício é que o maior efeito colateral do treino de memorização é um aumento na capacidade de se concentrar. E isso pode ser aplicado a qualquer tipo de trabalho focado.

Esse exercício de memorização não se aplica somente a baralhos. Qualquer processo mental que precise de um pouco de estrutura pode ser usado e assim lhe preparar para tarefas importantes do dia-a-dia.


Meu obrigado ao amigo Felipe pelo texto do Craig Mod.

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2 respostas para “Deep Work, segunda regra: aceite o ócio”

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