WhatsApp, redes sociais, Slack, notificações. Com as inúmeras interrupções presentes em um dia, o trabalho focado não é algo que vem naturalmente pra muitos de nós. Somado a esse problema, pessoas que trabalham com computadores a maioria do tempo tem uma outra luta: definir se aquilo que estão fazendo é de fato significativo ou somente uma tarefa automática que consome o tempo e nada produz. Estaríamos de fato trabalhando ou só enrolando com o aval da própria empresa e da sociedade?

Foi num clube do livro dentro do meu trabalho que fui encorajado a ler Deep Work, de Cal Newport. A primeira parte do livro, tratada neste post, fala dos conceitos por trás do trabalho focado; a segunda vai cuidar da aplicação desses conceitos no dia-a-dia.


O que é deep work?

O livro trata de dois conceitos: deep work e shallow work, que podemos livremente traduzir para trabalho focado e trabalho superficial. De acordo com o livro, trabalho focado engloba atividades profissionais feitas em um estado de total concentração, ausente de distrações, que leva suas capacidades cognitivas ao limite.

Enquanto isso, trabalho superficial significaria tudo aquilo que você faz meio que automaticamente, de forma até mesmo distraída, enquanto se preocupa também com outras tarefas. Mandar uma mensagem no WhatsApp enquanto você está esperando um arquivo por email que, após conferido, vai ser usado em uma planilha. São tarefas que até podem parecer importantes, mas que geram pouquíssimo valor ao seu trabalho.

Na primeira parte do livro, o autor levanta alguns pontos:

  • A habilidade de se manter focado está ao mesmo tempo se tornando muito rara entre trabalhadores e muito valiosa para nossa economia.
  • Se você passa muito tempo em trabalhos superficiais, existe a possibilidade de você permanentemente reduzir sua capacidade de trabalhar focado.
  • Para produzir em nível máximo, você precisa trabalhar em uma única tarefa, livre de distrações e por longos e regulares períodos.
  • É importante dominar a arte de rapidamente aprender coisas novas e conceitos complicados, e isso só é possível com foco extremo.

Distrações no trabalho são realmente arbitrárias?

As razões para distrações durante o trabalho podem estar fora do nosso controle. Porém, algumas vezes a gente só acredita que estão.

A cultura da conectividade gera aquilo que o autor chama de resíduo de atenção: quando você muda da tarefa A pra tarefa B, a sua atenção não é automaticamente transportada e parte do seu foco ainda se mantém na primeira tarefa. Ferramentas como WhatsApp, Slack, Teams e redes sociais não somente quebram a nossa concentração como também lentamente acabam com nossa capacidade de nos mantermos focados.

Avaliar as notificações que constantemente recebemos em nossos aparelhos evita dar a impressão de estarmos sempre disponíveis, permite reservar tempo para tarefas que exigem concentração e, principalmente, define as expectativas sobre comunicação sadia.

Estar ocupado é sinônimo de produtividade?

Newport chama isso de busyness as a proxy of productivity: sem uma indicação clara do que produtividade significa dentro do ambiente de trabalho, a tendência é partir para o caminho de menor resistência e focar naquilo que é mais fácil de se fazer e mais visível para os outros.

O princípio da menor resistência protege as pessoas daquele pequeno período de desconforto causado durante momentos de planejamento e concentração, mas cobra um preço alto: nada de valor é gerado.

Além disso, essa falta de clareza pode também estar relacionada com a síndrome do impostor. Afinal, eu estou mesmo gerando algo ou simplesmente preenchendo meu tempo de trabalho com coisas superficiais?

Qual o valor do trabalho focado?

Um dia de trabalho baseado na superficialidade tem o potencial de ser um dia cansativo e frustrante, mas o sentimento de realização se torna muito mais claro quando você se permite focar por um tempo. 

Newport explica que muitas vezes o produto final do trabalho focado não é o que você entrega, mas todo o processo até chegar lá. No clube de leitura, senti a mesma coisa: ler, analisar, colocar conceitos em prática e compartilhar o que foi entendido é o mais gratificante. Marcar o livro como lido é só parte de algo muito maior.


Na segunda metade do livro, são apresentadas quatro regras para implementar o trabalho focado.

  1. Trabalhe com foco
  2. Aceite o ócio
  3. Saia das redes sociais (em breve)
  4. Remova o superficial (em breve)

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Uma resposta para “Deep Work, de Cal Newport: o trabalho focado”

  1. […] Na primeira parte do livro Deep Work (Trabalhe focado, na edição brasileira) Cal Newport explica os conceitos sobre trabalho focado e justifica sua importância. Já na segunda metade, são apresentas formas para implementá-lo, divididas em quatro regras: […]

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